Projeto
Viagem ao Fundo da Alma: Seres e Enigmas – Karla Lessa
Com que se parecem as emoções? Como retratá-las? Na exposição “Viagem ao Fundo da Alma: Seres e Enigmas” a artista Karla Lessa compartilha com o público uma coleção de imagens que representam os cantos mais profundos de seu ser. Em grafite e nanquim, o que vemos é o fruto da energia que ela sentiu fluir durante um processo de autoanálise e de grande vigor expressivo. Quase uma psicografia. A ânsia de trazer à luz as emoções foi tão grande que ela ficava horas desenhando sem parar nem mesmo para beber água, para não interromper o fluxo criativo.
Deixando-se guiar pela inspiração, ela partiu de retas e círculos e cobriu espaços, reconstruiu caminhos, e brincou com as formas. Gotas, cobrinhas, sorrisos, e a própria Karla aparecem de repente em meio a elaboradas composições que não são explícitas. Meio figurativa, meio abstrata, cada imagem nos deixa pensando no porquê, na motivação. E a própria artista nos liberta, concluindo em suas próprias palavras, que não existe certo ou errado para os caminhos das linhas. Cada um vai enxergar o que a sua própria emoção sentir.
O objetivo da Mostra é convidar o observador a mergulhar nesses retratos do inconsciente e criar a sua própria interpretação. Na vida agitada que levamos, é preciso de vez em quando parar e dar voz a esse eu interior. Que vem acumulando alegrias, tristezas, dúvidas e medos. E aproveitar que o talento de Karla Lessa conseguiu fixar uma imagem a esses elementos tão fundamentais de nossa personalidade. Que na volta dessa “Viagem ao Fundo da Alma” cada um possa fazer as pazes com seu interior para poder interagir de modo equilibrado e consciente com todos os outros passageiros dessa outra maravilhosa viagem que é a própria vida.
Processo Criativo
"Criar as obras de Viagem ao Fundo da Alma: Seres e Enigmas foi como entrar em território um desconhecido dentro de mim mesma. Cada traço que cirurgia no papel era como uma chave que abria portas para emoções que eu ainda não tinha conseguido nomear. Ao pegar o grafite ou o nanquim, eu não tinha um plano. Era um mergulho no meu inconsciente, uma entrega total. Senti como se algo fosse maior para mim, a energia criativa fluía com tanta intensidade que eu perdia a noção do tempo. Eu desenhava por horas, como se cada linha fosse uma conversa íntima entre eu e minha essência.
As formas que surgiram; gotas, cobrinhas, sorrisos, eram enigmas que eu mesma precisava desvendar. Não havia certo ou errado. Apenas o fluxo de linhas e o jogo entre o figurativo e o abstrato. Percebi que essas criações não eram só minhas; eram pontes para que cada pessoa pudesse encontrar suas próprias respostas, suas próprias emoções.
Quando olho para essas obras agora, sinto uma imensa gratidão por ter dado voz ao que estava silenciado dentro de mim. Mais do que uma exposição, essa série foi um momento de reconexão comigo mesma e uma oportunidade de convidar outras pessoas a olharem para dentro também. Eu espero que, ao se deparar com essas imagens, cada um possa encontrar o que precisa, seja paz, entendimento ou até mesmo mais perguntas. Afinal, a arte não resolve; ela ilumina o caminho para que possamos explorar quem realmente somos." Karla Lessa